Dra. Carolina Almeida Vieira

Hormonização e modulação hormonal

Os termos Hormonização e Modulação Hormonal ganharam grande destaque nos últimos anos.

Normalmente são utilizados para justificar o uso de alguns hormônios com objetivos estéticos, ganho de massa muscular, melhora de performance ou antienvelhecimento.

Independente de qual seja o objetivo, essa é uma prática ilegal, proibida pelo CFM( Conselho Federal de Medicina).

Essa proibição vale tanto para a prescrição como a publicidade e a realização de cursos e eventos que estimulem o uso desses hormônios ou que sugiram os efeitos benéficos dessas terapias.

https://www.endocrino.org.br/noticias/cfm-proibe-uso-anabolizantes-com-fins-esteticos-de-ganho-de-massa-muscular-e-de-melhoria-de-desempenho-esportivo/

Esses termos são nomeclaturas usadas para tentar dar a essa conduta um aspecto de segurança, modernidade, benignidade e saúde.

Mas tais procedimentos escondem um grande risco para saúde de seus usuários em prol de um benefício estético, estimulados pela busca de corpos padronizados, virilidade, juventude eterna e outros sonhos que caminham na direção oposta de um envelhecimento saudável, tanto físico como mental.

Vivemos em um mundo onde a lei do menor esforço é estimulada e onde os resultados precisam ser rápidos.

Esse imediatismo e culto por padrões de beleza artificiais e extremistas, levam vários pessoas a recorrerem aos uso de hormônios, mesmo sem nenhuma deficiência ou doença prévia.

Pela frequência de uso dessas substâncias, os problemas de saúde relacionados ao mesmo têm se tornado questão de saúde pública.

O objetivo principal dos profissionais da saúde é promover qualidade de vida, bem estar, saúde no seu conceito mais amplo.

Os tratamentos chamados de “hormonização”, “modulação hormonal”, uso de “hormônios bioidênticos”, “formulação nano”, “chip da beleza” trazem risco para saúde do usuário.

Logo, não devem ser prescritos, indicados ou estimulados.

Esses procedimentos não tem nenhum embasamento científico de segurança que justifiquem os benefícios, normalmente estéticos, em detrimento de vários estudos que comprovem seus malefícios para o organismo.

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), em conjunto com outras sociedade médicas – Medicina do Esporte e do Exercício (SBMEE), Cardiologia (SBC), Urologia (SBU), Dermatologia (SBD), Geriatria e Gerontologia (SBGG) e pelas Federações Brasileiras de Gastroenterologia (FBG) e das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) – é contra tal prática há tempos e manifestou sua posição em documento a seguir.

Leia na integra para entender melhor:

https://www.endocrino.org.br/wp-content/uploads/2022/09/Posicionamento-da-SBEM-Anabolizantes.docx.pdfhttps://www.endocrino.org.br/wp-content/uploads/2022/09/Posicionamento-da-SBEM-Anabolizantes.docx.pdf

Principais efeitos negativos da Hormonização e Modulação Hormonal ( uso de esteróides anabolizantes e similares – EAS)

A testosterona é um hormônio que leva ao desenvolvimento de características masculinas.

Os esteróides anabolizantes e similares (EAS) são moléculas modificadas, de testosterona, para aumentar seus efeitos anabólicos e reduzir os efeitos virilizantes.

Dentre os efeitos indesejados estão:

  • Supressão do funcionamento dos testículos, podendo causar atrofia testicular
  • Infetilidade
  • Acne
  • Ginecomastia (aumento das mamas)
  • Queda de cabelo
  • Efeito tóxico para o fígado
  • Dependência a substância
  • Alterações psiquiátricas: agressividade, depressão, aumento de comportamento suicida, depressão)
  • Abscessos cutâneos e/ou musculares
  • Lesões ortopédicas
  • Alteração de linhagem de células vermelhas do sangue ( hemácias, hemoglobina e hematócrito)
  • Aumento de risco de eventos tromboembólicos
  • Aumento de risco cardiovascular
  • Nas mulheres: engrossamento da voz, hipertrofia de clitóris – esses são irreversíveis.

Todos esses eventos são comprovados cientificamente. Com isso, aumenta-se a chance de complicações e doenças devido ao uso de testosterona e EAS além do aumento de mortalidade entre os usuários das mesmas.

Outro ponto para reflexão: Os efeitos anabólicos dos EAS ( esteróides anabolizantes e similares) são obtidos somente enquanto se utiliza. Isso leva ao uso crônico, para manter o resultado.

E não há segurança de uso dessas substâncias a longo prazo, nas doses e esquemas utilizados.

Anabolizantes

Indicação de reposição de testosterona

A testosterona é usada para tratamento de algumas condições clínicas que cursam com deficiência desse hormônio: hipogonadismo masculino.

Também é indicada em pacientes com incongruência de gênero ou transgênero.

Outras condições clínicas vem sendo estudadas, mas sem comprovação de eficácia de uso da testosterona, por isso não há recomendação de seu uso. E ainda gera muitas dúvidas sobre a segurança para a utilização a longo prazo, nestas situações.

O uso de EAS (esteróides anabolizantes e similares) é proibido pelo Comitê Olímpico Internacional desde a década de 1970.

Nos casos com indicação formal para uso de testosterona, as doses prescritas são as mais próximas das fisiológicas. Bem menores que as utilizadas que fins reacreativos, que podem chegar a 5-15 vezes maiores que as de uso habitual no hipogonadismo.

Além disso, as formulações podem não ser seguras. Muitas vezes são utilizados medicamentos de uso veterinário, formulações manipuladas, sem crivo de nenhum órgão fiscalizador.

Outras vezes são utilizados em combinação a outras substâncias: hormônio de crescimento, hormônio tireoidiano, gonadotrofina coriônica humana – na tentativa de reduzir os efeitos no tamanho testicular, inibidores de aromatase – para tentar evitar ginecomastia, inibidores de 5-alfa-redutase – para reduzir acne e queda de cabelo e diuréticos, para evitar retenção hídrica.

Dosagem sanguínea de testosterona

Utiliza-se muito a dosagem sanguínea de testosterona como critério para sua suplementação.

Vários fatores interferem no resultado sérico de testosterona, devendo-se obedecer as orientações para coleta: horário de coleta, uso de outros medicamentos e suspensão de alguns antes da coleta, etc.

Os valores de referência dos exames laboratoriais são elaborados com base em grandes amostras populacionais, em indivíduos saudáveis, e significam que, em média, 95% dessa população tem valores dentro daquela referência.

Não existem dados científicos que comprovem que estar com níveis mais próximos dos valores máximos da referência, trazem benefícios para pacientes sem deficiência desse hormônio.

Não existe reposição fisiológica em pessoas que não têm deficiência, sempre ocorre um excesso.

E, nas doses fisiológicas, não se obtém a hipertrofia e os benefícios estéticos prometidos com uso dos EAS (esteróides anabolizantes e similares).

Outro ponto muito frequente na prática de quem indica o uso de testosterona e EAS, é a dosagem de testosterona em mulheres. Os kits comerciais para dosagem de testosterona sérica não têm precisão para valores pequenos.

Logo, não se pode tirar uma conclusão adequada na dosagem de testosterona nas mulheres, pois os valores fisiológicos já são pequenos. Não trazendo valor científico para esse resultado.

A dosagem de testosterona em mulheres é utilizada quando da suspeita de excesso desse hormônio, quando o resultado se torna confiável e de utilidade para interpretação do caso.

Existem testes mais precisos para dosagem de testosterona, mas não é de uso comercial, e sim em laboratórios de pesquisa.

O diagnóstico de deficiência de testosterona é basicamente clínico. Os exames laboratoriais são pedidos quando da suspeita dessa situação.

Não há recomendação de se fazer dosagem desses hormônios de forma rotineira.

O endocrinologista é o especialista em terapias hormonais

Não existe especialidade médica para modulação hormonal.

O endocrinologista é o especialista para tratamento de qualquer alteração, doença ou condição clínica relacionado com a produção e funcionamento dos hormônios no nosso organismo.

Sempre procure uma avaliação séria e confiável para cuidar de sua saúde.

Eu atendo consultas de endocrinologia em Belo Horizonte e estou a disposição para avaliar, orientar e construir, junto com meus pacientes, um projeto de saúde e bem estar.

Dra Carolina endocrinologia

Conclusão

O uso indevido de hormônios, para fins estéticos e de performance, tem sido banalizado, estimulado sem qualquer critério de segurança para o usuário.

As consequências para saúde tornam-se cada dia mais frequentes.

Essas consequências têm se tornado um problema de saúde pública!

A orientação correta, por profissionais capacitados, fundamentada em evidências científicas, deve ser difundida para evitar o adoecimento de várias pessoas.

Nossas escolhas definem nosso futuro. Buscar nossa melhor versão de bem estar e saúde é desejado. Mas a busca por ideais irreais a qualquer custo não!

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Dra Carollina

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