Dra. Carolina Almeida Vieira

mulher na menopausa

O climatério é uma fase inevitável na vida de todas as mulheres e a menopausa é o evento que marca essa transição.

Trata-se do período de transição em que ocorre a falência da função ovariana, levando à infertilidade e à redução na produção hormonal. Esse processo acontece, em média, por volta dos 50 anos, mas varia de mulher para mulher.

A última menstruação da mulher recebe o nome de menopausa. No entanto, essa definição só pode ser feita retrospectivamente, ou seja, quando se passa um ano inteiro sem novos ciclos menstruais.

Qual médico que trata de menopausa?

A endocrinologia é uma das especialidade médica que atende pessoas com menopausa.

Vou me apresentar:

Me chamo Carolina, sou endocrinologista titulada pela SBEM ( Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) desde 2014. Atendo em meu consultório em Belo Horizonte/MG.

Eu e minha equipe estamos a disposição para atendê-la!

Dra Carollina

O que acontece no corpo durante o climatério?

Desde o nascimento, já temos todos os nossos óvulos.

Nascemos com todos os óvulos que teremos ao longo da vida. Durante a puberdade, ocorre a ativação ovariana e, a cada ciclo menstrual, esses óvulos serão recrutados ou entrarão em apoptose (morte celular). Quando chegamos ao climatério, nossa reserva ovariana se esgota, os ovários perdem sua função reprodutiva e sofrem atrofia.

Mas se essa é uma evolução natural, qual o problema da menopausa?

O desafio é que essa mudança hormonal pode trazer sintomas e condições de saúde que impactam diretamente na qualidade de vida.

Há algumas décadas, a expectativa de vida era menor, e as mulheres passavam menos tempo nessa fase, muitas vezes já afastadas de atividades profissionais e sociais.

Hoje, podemos viver quase metade da nossa vida no climatério, em um período em que ainda estamos ativamente envolvidas no trabalho e na sociedade.

Nem todas as mulheres apresentarão sintomas significativos, mas para aquelas que sofrem muito com essa transição, existe tratamento.

No entanto, é fundamental lembrar que o objetivo da terapia é proporcionar alívio dos sintomas e qualidade de vida, e não buscar um retorno à juventude.

Principais sintomas do climatério:

  • Fogachos: Ondas de calor repentinas, geralmente no tronco e na cabeça, acompanhadas de sudorese intensa e, em alguns casos, seguidas de calafrios. Durante a noite, podem comprometer significativamente a qualidade do sono.
  • Alterações do sono: Muitas mulheres relatam insônia, caracterizada por despertar nas primeiras horas da madrugada, sem conseguir voltar a dormir.
  • Névoa mental: Dificuldade de memória e raciocínio.
  • Ressecamento de mucosas e pele: Olhos, boca e pele podem se tornar mais secos, assim como os câbelos, que tendem a afinar.
  • Atrofia vaginal: A redução da elasticidade e da lubrificação vaginal pode causar dor durante a relação sexual (dispareunia) e aumentar o risco de infecções urinárias.
  • Perda de massa óssea: A queda dos níveis de estrogênio acelera a perda óssea, podendo levar à osteoporose.
  • Mudanças na composição corporal: Ocorre um aumento da gordura visceral e perda de massa muscular, tornando essencial a prática de atividade física resistida (exercícios de força) para minimizar esses impactos.
  • Dores articulares: Mulheres que já apresentam condições como artrose ou artrite podem sentir intensificação das dores.
  • Alterações de humor: A irritabilidade e os transtornos de humor são frequentes nesse período.
  • Alterações metabólicas: Alterações na glicemia, no colesterol, na pressão arterial e, como consequência, aumento de risco cardiovascular são muito frequentes durante o climatério.  
alteração de peso na menopausa

A transição é um processo

O climatério não acontece de um dia para o outro.

O primeiro hormônio a diminuir é a progesterona, seguido, mais tarde, pelo estrogênio.

Essa transição pode começar de cinco a oito anos antes da menopausa e os sintomas já podem surgir nesta fase, chamada de perimenopausa.

Como as alterações hormonais não são lineares, os sintomas podem ser imprevisíveis, variando de um ciclo para outro.

No entanto, nem tudo pode ser atribuído ao climatério. Muitas dessas queixas são inespecíficas e podem estar relacionadas a outras condições de saúde.

Por exemplo, tratar insônia apenas com terapia hormonal não será eficaz se não houver também a adoção de bons hábitos de sono, como:

  • Manter um horário regular para dormir e acordar;
  • Reduzir luzes e estímulos antes de dormir;
  • Evitar substâncias estimulantes;
  • Criar um ambiente propício ao sono (luminosidade, ruídos, temperatura adequados);
  • Praticar relaxamento físico e mental.

Esse mesmo princípio se aplica a outras áreas: a terapia hormonal não irá aumentar a massa muscular sem a prática de exercícios de força; não ajudá no controle de peso sem um padrão alimentar adequado e um estilo de vida ativo.

Por isso, é essencial ter autorresponsabilidade com nossos hábitos. O tratamento é um aliado, mas as escolhas diárias são fundamentais para garantir bem-estar e qualidade de vida nesta fase tão importante da nossa jornada.

Quem é candidata à Terapia Hormonal da Menopausa (THM)?

A THM é indicada para mulheres com sintomas moderados a graves que impactam sua qualidade de vida.

Algumas contraindicações absolutas incluem histórico de câncer de mama, doença cardiovascular estabelecida, tromboembolismo venoso e doença hepática grave.

Contraindicações relativas podem incluir fatores de risco cardiovascular, enxaqueca com aura e histórico familiar de câncer de mama, sendo necessária avaliação médica individualizada.

Tipos de tratamento: hormonal e não hormonal

Terapia Hormonal:

  • Reposição de estrogênio isolado (para mulheres histerectomizadas)
  • Reposição de estrogênio combinado com progesterona (para mulheres com útero).
    • As vias de administração incluem oral, transdérmica (adesivos ou géis) e vaginal (cremes ou anel vaginal).

Tratamento Não Hormonal:

  • Antidepressivos (inibidores da recaptação de serotonina) para alívio de fogachos
  • Mudanças no estilo de vida, como dieta equilibrada, prática regular de exercícios e técnicas de relaxamento.

Qual o melhor tratamento?

Não há um tratamento único ideal para todas as mulheres.

A escolha deve ser personalizada, considerando a intensidade dos sintomas, o histórico de saúde e os benefícios e riscos de cada opção.

O mais importante é que a mulher tenha informação de qualidade e participe ativamente da decisão sobre seu tratamento.

Conclusão

A menopausa não deve ser vista como um problema, mas como uma fase natural da vida da mulher. Com informação, escolhas adequadas e autorresponsabilidade, é possível passar por essa fase com mais qualidade de vida e bem-estar.

Saiba mais….

https://www.sbemsp.org.br/informacoes-sobre-doencas/: Menopausa e climatério https://www.endocrine.org/patient-engagement/endocrine-library/menopause: Menopausa e climatério https://dracarolinaendocrino.com.br/diabetes-mellitus/: Menopausa e climatério https://dracarolinaendocrino.com.br/osteoporose/: Menopausa e climatério

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